quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

EIXO IX

Foi durante o eixo IX que aconteceu a construção do TCC, com base na experiência da prática do estágio.
A primeira dificuldade que encontrei foi com relação a definição da pergunta central, pois a mesma deveria partir de inquietações surgidas a partir do estágio. Pois bem, minhas principais inquietações estiveram relacionadas com o processo de internalização dos alunos com deficiência intelectual, pois ficava confusa se eles haviam conservados ou não determinados conceitos que ora pareciam bem definidos, ora pareciam nunca terem sido trabalhados.
Embora tivesse claramente definido qual o tema a ser abordado, tive dificuldades para definir a questão norteadora, pois a mesma não poderia ser ampla demais, nem tampouco limitada demais. Somente após conversas com a professora e a tutora foi possível definir uma questão que abordasse o tema escolhido e ao mesmo tempo fosse possível chegar a possíveis soluções para tais inquietações.
A pergunta norteadora do Trabalho de Conclusão de Curso ficou assim definida:
QUAIS ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS PODEM SER DESENVOLVIDAS
PARA FACILITAR O PROCESSO DE INTERNALIZAÇÃO DE ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL?

Para embasar esse trabalho, procurei subsídios na obra de Vygotysky, também chamada de teoria sócio-histórica. Segundo o autor o ser humano se desenvolve a partir das relações sociais que estabelece no meio no qual está inserido.
Dentro dessa perspectiva, foi possível perceber como se dá o processo de aprendizagem dos alunos, para que dessa forma fosse possível contribuir com estratégias de modo a facilitar a internalização de conceitos, mais especificamente dos alunos com deficiência intelectual.
Por meio dos estudos realizados e através das vivências obtidas na prática, foi possível constatar que as atividades em grupo são fundamentais para o processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, sendo que estes dois conceitos estão muito próximos um do outro, ou seja, um não acontece sem o outro, a medida que a criança aprende, avança em seu desenvolvimento e vice-versa. Dessa forma, atividades coletivas promovem a interação, cooperação, socialização, trabalho em equipe, afetividade, enfim, elementos essenciais para que um possa aprender com o outro e assim desenvolverem-se juntos, por meio da troca.
Para tanto o papel do professor é também muito importante, e deve ser realizado com o intuito de mediar estas ações descritas acima, de forma que não sejam feitas ao acaso, mas sejam antecipadas as necessidades de seus alunos. Para isso é de fundamental importância que o professor tenha em mente quem é seu aluno, o que ele já sabe, o que ele pode, quer e deve descobrir para avançar na busca pelo conhecimento. Dentro dessa ótica estamos trabalhando então na zona de desenvolvimento proximal de nossos alunos e com isso buscando seu avanço, autonomia, crescimento, enfim, visando a superação dos seus limites.
Outro aspecto que deve ser levado em consideração é a forma com que o professor abordará os conceitos estudados, pois, de acordo com as experiências obtidas durante a prática, ficou evidenciado que uma atividade se torna significativa quando realizada dentro das expectativa dos alunos, mas acima de tudo quando feita de forma lúdica, ou seja, que lhe proporcione satisfação, envolvimento, alegria, sendo muito difícil de se conseguir êxito por meio de ações isoladas que visem contemplar somente o currículo escolar, sem a participação efetiva dos alunos. Por meio dos relatos dos alunos, pude observar que atividades realizadas há bastante tempo, mas que significativas para os eles, lhe proporcionaram importantes aprendizagens, sendo assim internalizadas por eles e facilmente retomadas em momentos posteriores, como de fato aconteceram durante o estágio.
Acredito que práticas diversificadas, contextualizadas, planejadas e pensadas também pelo olhar do próprio aluno, possam facilitar o processo de internalização dos alunos com deficiência intelectual, tendo em vista que essas pessoas se desenvolvem de forma mais lenta, onde muitas vezes estão em situação de desvantagem emocional, cultural, econômica, psíquica e não possuem uma estrutura familiar capaz de lidar com esta situação, sendo o ambiente escolar um refúgio ou um alento para suas dificuldades.
Contudo, as reflexões teóricas sobre a prática proporcionaram subsídios para a compreensão mesmo em parte de como as pessoas com deficiência se desenvolvem e acima de tudo como podemos buscar meios para facilitar o processo de internalização dessas pessoas, que podemos também compreender como a produção e a incorporação da cultura, segundo as palavras de Vygotsky.

Um comentário:

Nadie Christina disse...

Oi Daiane,

de fato a tua temática foi instigante e possibilitou a consolidação de "novas certezas", teoricamente fundamentadas. Um dos pontos interessantes nesta reflexão é jutamente o teu processo de construção da pergunta/conceitos, a necessidade de interação com a professora/tutora para esta apropriação também precisou respeitar teu tempo, teu ritmo, para assim vir a se constituir em uma aprendizagem que, certamente, será "conservada".
Um carinhoso abraço,
Profa. Nádie