quarta-feira, 3 de novembro de 2010

EIXO VI

Nesta semana retomei o eixo VI e nele pude relembrar a interdisciplina de educação especial a qual depositava grandes expectativas, tendo em vista que trabalho em uma escola de educação especial. Acreditava que ela viria como um enriquecimento ao trabalho desenvolvido na escola, seja durante o estágio com os alunos, seja em outros seguimentos da entidade.

Pois bem, ao analisar toda a caminhada percorrida desde nossa primeira aula presencial com o professor Claudio Baptista, foi possível refletir o quanto minhas crenças e convicções sofreram modificações durante essa trajetória. Em nossa primeira aula presencial tive uma grande decepção quando ouvi do referido professor que em quando existissem as APAEs a inclusão de fato não se efetivaria. Confesso ter ficado muito frustrada com essa afirmação e durante a aula mesmo, fizemos alguns questionamentos, demonstrando uma postura contraria a tal afirmação, sem que pudesse compreender o que de fato ele estava tentando dizer.

Após o estagio curricular, o acompanhamento com a professora Gabriela e a tutora Graciela, ambas dedicadas especificamente a educação especial pude avaliar melhor uma visão vinda de fora da entidade APAE. Dessa forma, fui aos poucos buscando embasamento teórico na teoria sócio-interacionista de Vygotsky e com ela remodelando a ideia que tinha sobre inclusão.

Acreditava que a inclusão pudesse mesmo acontecer, mas que isso levaria ainda um bom tempo, pois achava que os professores estavam despreparados, que as escolas não disponibilizassem de estrutura física, pessoal e emocional para lidar com essa realidade.

Hoje após analisar e compreender que na perspectiva Vygotskyana a aprendizagem ocorre a partir das relações sociais e com o meio, bem como o desenvolvimento está diretamente ligado a aprendizagem, pude avaliar melhor as palavras do professor naquela nossa primeira aula presencial e compreender que ele estava querendo nos alertar da importância que significa a pessoa com deficiência conviver com as ditas normais e vice-versa, pois a troca poderá proporcionar ricas e significativas aprendizagens para ambas as partes, o que dificilmente ocorreria se estivessem convivendo em ambientes separados, mas que acima de tudo este é um direito que não pode ser privado de nenhum ser humano, o de conviver com as diferenças.

Percebi que a inclusão já demorou tempo demais para se efetivar, e que somente encontraremos soluções, quando deixarmos ela acontecer.

Não quero de forma alguma me posicionar contra a escola regular, tampouco contra as APAEs, sendo que considero o trabalho de ambas fundamental para nossa sociedade, mas gostaria de deixar claro a visão que tinha antes para que tenho hoje, do que de fato significa inclusão, sobretudo das pessoas com deficiência intelectual que enfrentam um preconceito ainda maior. Tenho consciência do grande desafio que isso significa, do quanto ainda tenha que ser feito para qualificar este trabalho, mas também estou ciente da importância da troca entre pessoas ditas normais.

3 comentários:

Nadie Christina disse...

Oi querida,

Esta postagem revela de forma clara e inequívoca uma grande aprendizagem, construída ao longo do tempo e mediada por diversos atores (Prof. Cláudio, Profa. Gabriela, tutora Graciela). Através destas interações as tuas certezas foram colocadas à prova e deram espaço a dúvidas e a descoberta de novas certezas. Postagens como esta nos ajudam a avaliar positivamente a proposta do Seminário, para retomarem os eixos e refletirem sobre as aprendizagens mais significativas ao longo curso.
Nem sempre é fácil processar novas informações, especialmente quando elas são muito diferentes das nossas crenças. Mas é possível e é preciso se dar tempo para que as mudanças efetivas ocorram. Assim como acontece com a proposta de inclusão...
Estou certa que os novos conhecimentos adquiridos, ao longo da interdisciplina e do estágio, vão te proporcionar argumentos que contribuirão para que novas mudanças ocorram.
Um carinhoso abraço,
Profa. Nádie

CICLO II disse...

Oi prof. Nádie

Que bom ter você por aqui, melhor ainda quando os comentários trazem as respostas que buscamos, nos motivando e seguir em frente, pois dessa forma é possível evidenciar que estamos no caminho certo, ou ao menos perto dele.
Um abraço e obrigada!
Daiane Matos

Nadie Christina disse...

Oi querida,

fico satisfeita que meus comentários contribuam para te dar um "norte" ou um "sul", como preferir...
Seguimos dialogando, ok?

Um carinhoso abraço e votos de um ótimo final de semana!
Profa. Nádie